COLUNA DO JOÃO BOSCO BITTENCOURT
Em São Paulo, o governador também defendeu o lançamento de mais de um candidato de direita no primeiro turno e voltou a afirmar que Lula está usando o tarifaço de palanque

Caiado participa, em São Paulo, de debate Expert, promovido pela XP (foto divulgação)
Em meio aos anúncios e especulações de outras possíveis candidaturas da direita para presidente da República, o govenador Ronaldo Caiado (União Brasil) afirmou, em evento neste sábado (26), em São Paulo, que embora haja uma pressão para que a direita se una em torno de um único nome, a melhor estratégia, para enfraquecer a esquerda seria ter múltiplas candidaturas. “Existe uma ansiedade para que haja uma convergência da direita para um único nome, mas temos que reconhecer que a única liderança com força nacional capaz de fazer essa mobilização nas ruas foi o [ex-presidente Jair] Bolsonaro. Se houver um único nome no primeiro turno, entrega-se ao PT a oportunidade de concentrar o ataque em uma pessoa só. Mas se somos três, por exemplo, não há como atingir todos ao mesmo tempo e ao final um de nós chegará ao segundo turno, onde terá o apoio dos demais”.
Caiado também voltou a defender que o presidente da República tenha mandato único, sem direito à reeleição. “É minha convicção que presidente da República tem de ter apenas um mandato para ter a coragem de fazer as mudanças que o Brasil precisa. Não dá pra enfrentar os problemas pensando em reeleição, e estamos vendo isso claramente agora, quando o Lula está mais preocupado em fazer palanque com o tarifaço do que abrir diálogo com os Estados Unidos. Ele em vez de consultar o ministro da Fazenda ou do Planejamento, consulta o marqueteiro, nunca vi isso. Eu governo Goiás ouvindo meus secretários”, afirmou.
As declarações de Caiado foram durante o debate Expert, promovido pela XP na capital paulista, do qual também participaram os governadores Ratinho Jr (PSD), do Paraná; e Tarcísio de Freitas (Republicanos), de São Paulo. Os três são pré-candidatos à presidência da República em 2026.
Tarifaço
Ainda sobre o tarifaço imposto pelos Estados Unidos ao Brasil, o governador de Goiás reforçou que o Brasil vive um momento de inquietação desde o anúncio do presidente norte-americano Donald Trump sobre a elevação das tarifas para 50% e disse que os governadores precisam ser ouvidos. Segundo ele há uma grande preocupação dele e de seus pares com a economia, pois as grandes cadeias produtivas – como carne, açúcar e rações, por exemplo – já estão sendo afetadas e isso prejudica a economia dos estados, principalmente dos produtores, como Goiás. “Enquanto União Europeia, Japão, Indonésia e China já se acertaram, o Lula fica nessa queda braço ideológica, tratando o problema com frases de efeito político e ironia. Governar é enfrentar os problemas de frente e com diálogo”, disse.
Goiás foi o primeiro estado a tomar medidas concretas para mitigar os impactos do possível tarifaço anunciando fundos para atender as empresas mais afetadas com empréstimos subsidiados. Um desses fundos será lançado no dia 5 de agosto na B3, em São Paulo, com capacidade de empréstimo de até R$ 640 milhões, juros de 10% ao ano lastreado no ICMS das exportadoras. Outros estados seguiram o exemplo e também anunciaram medidas econômicas no mesmo sentido.