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Adriana Accorsi repudia ataques a Marina e outras mulheres

de catalaonews


A deputada federal Adriana Accorsi redigiu artigo em que protesta contra ataques recentes a mulheres que ocupam posições de poder: a vereadora de Terezópolis de Goiás Luciana Tinoco, a deputada federal Jandira Feghali, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e a deputada estadual goiana Bia de Lima. O caso de Marina, mais recente, aconteceu em sessão da Comissão de Meio Ambiente do Senado. O senador Plínio Valério ordenou que ela “se pusesse no lugar dela”.

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Não vão nos calar

Adriana Accorsi*

Neste mês de maio, vieram a público casos de mulheres, que foram vítimas de violência política de gênero. Nesta terça-feira, o Brasil parou para ver a titular do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, deixar uma sessão da Comissão de Infraestrutura após ser alvo de ataques machistas e misóginos de senadores. Durante a audiência, Marcos Rogério (PL-RO) mandou que Marina “se colocasse em seu lugar”, enquanto Plínio Valério (PSDB-AM) disse que ela merecia respeito como mulher, mas não como ministra.

Recentemente, em Goiás, a deputada estadual de Goiás, Bia de Lima (PT-GO) foi agredida na Assembleia Legislativa e a vereadora Luciana Tinoco (PV-GO), na Câmara Municipal de Terezópolis de Goiás, na região metropolitana de Goiânia. Em Brasília, a deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ) também foi ameaçada na Câmara Federal por um deputado da extrema direita.

Mas a voz feminina não se curvou. Marina recorreu à mesma expressão usada pelo senador bolsonarista para responder a ele. “O meu lugar é defender o meio ambiente. Esse é o meu lugar. E é um lugar que eu ocupo não por ser ministra, mas por ter compromisso com essa agenda desde que eu me entendo por gente. Lugar de mulher é onde ela quiser”, arrematou. As parlamentares também reagiram com assertividade e como símbolos de luta e resistência no Brasil.

Como vice-presidente da Comissão dos Direitos da Mulher na Câmara Federal, não posso me calar diante dos ataques sucessivos à presença das mulheres na política e das tentativas de silenciar vozes femininas.

Não são casos isolados, ou coincidências. De acordo com o MPF, de agosto de 2021 até o início de 2024, o Grupo de Trabalho de Prevenção e Combate à Violência Política de Gênero (GT-VPG) tinha recebido 215 casos suspeitos de todo o país, uma média de seis por mês. Entre os tipos de denúncias, destacam-se ofensas, transfobia, agressões, exposições, violência psicológica, sexual e moral, entre outras.

Esse tipo de agressão ocorre corriqueramente no Brasil. A Lei nº 14.192/2021, que alterou o Código Eleitoral e tornou crime a violência política de gênero, completou quatro anos, em 2025, estabelecendo regras jurídicas para prevenir, reprimir e combater a violência política contra a mulher nos espaços e nas atividades relacionadas ao exercício de seus direitos políticos. Apesar da lei, os tribunais e a justiça ainda estão garantindo total impunidade a estes agressores para que continuem tentando nos calar.

Esse tipo de violência política de gênero continua se repetindo, assim como Marina Silva continuou sendo atacada por sucessivas vezes ontem no Senado, apesar de seus protestos por respeito. Quem o faz acredita que não haverá maiores consequências, porque nunca há consequências. 

Os ataques à ministra Marina, Bia, Luciana e Jandira não são sobre elas: são sobre todas as mulheres que ousam ocupar o espaço público e cargos de poder e decisão. 

Quem as ataca reproduz um discurso que atinge a todas nós nos mais diversos lugares e ambientes. 

O que vimos em Goiás e em Brasília foi um cerco agressivo e desrespeitoso. Um reflexo do machismo estrutural, da misoginia, da falta de vergonha e da violência política, que ainda insistem em se fazer presentes e que só demonstram atraso, repetem violências históricas e reproduzem o que há de pior na sociedade brasileira.

O lugar da mulher é onde ela quiser, como disse Marina. E seu lugar é exatamente onde estamos: na luta, na resistência, na defesa incansável do meio ambiente, da educação, da democracia, dos mais vulneráveis e dos direitos das mulheres. Não vão nos calar.

*Adriana Accorsi é delegada, deputada federal e vice-presidente da Comissão dos Direitos da Mulher na Câmara Federal

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